MÃE (Mira Alfassa) - 29 de abril de 2011 - Autres Dimensions

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- Intervenção da Estrela ATRAÇÃO -

MÃE - Companheira de Sri Aurobindo




Meu apelido era Mãe, eu vou manter esse apelido.
Irmãos e Irmãs amados, obrigada por sua presença, obrigada por seu acolhimento.
Eu venho expressar-me enquanto Estrela de Maria na Atração.
A Atração é o que permite sair da Ilusão e entrar na Verdade.
Isso necessita, de minha parte, inicialmente, de esclarecimentos quanto às definições dessas palavras.
A Verdade de que falo não é a verdade de cada um porque, de fato, cada um tem sua própria verdade, que não é a verdade do outro.
Eu falo, evidentemente, da Verdade absoluta, aquela da Luz e de suas qualidades.
As qualidades da Luz sendo a Transparência, a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência.
A Inteligência nada tendo a ver com a inteligência humana.
***
Como lhes foi dito por NO EYES, o eixo VISÃO-ATRAÇÃO representou o eixo sobre o qual se apoiou o confinamento, opostos à Atração e à Repulsão.
A Atração de que quero lhes falar é bem diferente da sedução ou do ímpeto.
A Atração de que quero lhes falar conduz à Intenção e à Atenção da Luz e da Verdade absoluta.
A Verdade absoluta está ligada às qualidades intrínsecas da Luz, do Amor, e nada tem a ver com sua verdade pessoal, com a verdade de cada um ou com o que pode ser conhecido quanto ao Amor e à Luz, ou com o que pode percebido quanto ao Amor e à Luz.
A Atração de que falo é aquela do Coração, diretamente conectada com a visão do Coração, com o Fogo do Coração, vindo romper o Fogo Luciferiano, o Fogo do desejo.
***
Essa Atração não é uma ação.
Essa Atração aproxima-se do que é denominado Ahimsa, ou seja, o ‘não-desejo’ (ver nota do redator no final do texto).
O não-desejo não é esconder seus desejos.
O não-desejo não é um desejo constrangido.
O não-desejo é um estado diretamente ligado à Visão do Coração permitindo estabelecer-se na Unidade, na Profundez e permitindo superar a verdade pessoal e a ilusão pessoal.
A ilusão pessoal é constituída pela ilusão da personalidade, pela ilusão do Eu, pela ilusão dos ímpetos, dos desejos existentes em qualquer vida humana, desde sua presença sobre esse mundo.
Esse mundo é Ilusão, Maya.
Ele é conduzido pelo desejo existindo em meio ao eixo desviado ATRAÇÃO-VISÃO.
Esse círculo vicioso, esse confinamento, como vocês sabem, foi rompido.
O encanto rompeu-se para alguns que descobriram a Dimensão da Eternidade, denominada Estado de Ser, Fogo do Coração, Fogo do Espírito.
A Atração de que falo é então um estado de não-desejo, para não confundir com o desejo do ego, com o ímpeto do ego, com a sedução do ego.
O não-desejo é um estado de não espera, é um estado de vacuidade onde a Luz pode agir, onde se revela então o Fogo do Espírito (pela Inteligência, pela Humildade, pela Simplicidade) que vem substituir, eu diria, com consistência e propriedade, as ações da personalidade.
***
O Fogo do Coração, seja qual for seu lado ardente, vem pôr fim ao Samsara, à ilusão, e o Ahimsa, ao desejo.
Nesse estado predomina o que é denominado Alegria, Samadhi, Paz.
É um estado de plenitude, chamado também de completitude, onde mais nada pode ser desejado no exterior de si.
A Realização do Si não tem que agir e, no entanto, ela é ação.
A Realização do Si não tem que desejar.
Ela entra na Atração inelutável da Luz para aquele que vive a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência.
A Ilusão está ligada ao desejo, à falsificação da ATRAÇÃO-VISÃO tendo substituído o eixo AL-OD, tendo criado, literalmente, a personalidade aprisionada, cortada, separada da FONTE e do estado de Plenitude.
A personalidade é, e sempre será, marcada, por esse princípio de confinamento, pela não satisfação dos desejos reproduzindo-se ao infinito, sejam quais forem esses desejos.
Eu digo, sim, sejam quais forem esses desejos.
Quer esse desejo se expresse no nível de inclinações denominadas inferiores (como as drogas, como o álcool, como a sexualidade de tipo animal), como os desejos mais elevados (espirituais, entre outros, esotéricos, se vocês preferirem).
***
Muitos mestres, dentre eles SRI AUROBINDO, teriam falado: o estado de não-desejo é indispensável para a realização do Ser.
Aclarar os desejos, desprender-se dos desejos, não conduz ao não-desejo, mas permite acelerar o processo de não-desejo manifestando-se em meio ao Fogo do Coração.
O não-desejo é o estado em que predomina a Atração pura da Luz, não enquanto busca exterior, não enquanto conceito, tampouco enquanto percepção, mas enquanto estado de Plenitude acompanhando-se, no nível da Consciência, de um sentimento de vacuidade, permitindo o estabelecimento, por esta vacuidade, do estado de Sat Chit Ananda.
***
A Atração, quando ela rompe o círculo vicioso da Ilusão, dos desejos, vai permitir redirecionar o Eixo e ajustar a Cruz da Redenção.
Isso passa, é claro, por uma Virtude essencial, mas não suficiente, denominada Aqui e Agora porque o desejo é sempre procedente de uma insatisfação ou de uma necessidade de satisfação e então, de alguma forma, de uma projeção da consciência fora do tempo presente, fora do instante.
Não pode ser encontrado o não-desejo em qualquer projeção, em um futuro ou em um passado.
Visto que o passado é o impulso do desejo e o futuro é a projeção do desejo para a sua realização.
Ahimsa, não-desejo, necessita agora de um esforço no Aqui e Agora.
Não de um esforço do Aqui e Agora na meditação, mas do Aqui e Agora presente a cada instante.
Esse estado de Presença a si mesmo, no Aqui e Agora, é uma das condições prévias ao desaparecimento do desejo e não do seu controle, ou seja, ao aparecimento da Atração final à Luz, não sendo mais um desejo, mas realmente, como disse minha Irmã Hildegarda, uma tensão para o Abandono.
Esta tensão para o Abandono remete à Repulsão da Ilusão.
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação por um desejo.
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação pela morte já que há reencarnação.
A única maneira de fazer desaparecer a ilusão da encarnação é justamente estar Presente nessa encarnação e não mais estar Presente nem no passado, nem no futuro.
É, de certa forma, parar o tempo.
Parar o tempo leva ao Ahimsa, ao não-desejo.
***
O não-desejo coloca-os na Vacuidade, esvazia-os do que não está no instante presente, de suas próprias emoções, de suas próprias seduções, de sua própria verdade, mais frequentemente não oriunda de suas experiências, mas unicamente de crenças e de condicionamentos.
A crença e o condicionamento encontram sua origem em seu passado, denominado educação, ou mesmo em experiências passadas de sua vida, e se expressam por uma adesão afastando-os do instante presente.
O instante presente jamais é referência em relação a uma experiência passada e ainda menos em relação a um resultado futuro.
O não-desejo começa a aparecer paralelamente à Visão do Coração.
A Vacuidade permite a instalação, como dizia SRI AUROBINDO, a descida do Supramental na cabeça e, agora, desde a liberação do Sol, diretamente no Coração.
O Coração é um estado do Ser além da personalidade, o que significa dizer que a personalidade jamais irá permitir viver o não-desejo e o Coração.
A personalidade não é a ferramenta que leva ao Coração.
Ela é o obstáculo.
O corpo físico é o receptor e o templo da Luz, seja qual for sua ilusão, porque seu Espírito está confinado nesse corpo como no Sol.
***
Silenciar a personalidade não pode se obter pelo constrangimento, pois, ao se opor, reforça.
É uma lei geral em meio à dualidade.
O Espírito é livre.
O Espírito é a Vacuidade.
O Espírito é a Supraconsciência.
A instalação no Aqui e Agora permite se aproximar do redirecionamento do eixo Atração-Visão falsificado e de substituí-lo pelo AL-OD, o Caminho, a Verdade e a Vida, o Alfa e o Ômega.
É uma condição prévia, permitindo, pouco a pouco ou brutalmente, fazer cessar a ilusão do Eu e de qualquer desejo.
Quando a Consciência está centrada no instante, integralmente, nenhum desejo, nenhuma projeção, nenhum medo pode se manifestar.
Isso é denominado entrar no Presente, que é a etapa anterior à Paz e ao Samadhi.
***
Sair de sua Verdade é sair das múltiplas personalidades do Ser, das várias crenças, dos vários condicionamentos do Ser e, então, das verdades oriundas, não da experiência, mas das crenças.
O instante presente nada tem a ver com suas verdades, como o instante presente nada tem a ver com sua personalidade.
Jamais é a personalidade que irá levá-los a viver o não-desejo, pois a personalidade é o corpo de desejo, denominado corpo astral e corpo mental.
Existe uma barreira intransponível, denominada corpo causal, aí onde se inscreve a lei de karma pertencente à Ilusão e à verdade desse mundo, mas certamente não do Espírito.
É preciso superar esses diferentes estratos ou essas diferentes camadas, que eu denomino personalidades múltiplas, para se instalarem no Presente.
O Presente não é somente um estado de meditação ou de Vacuidade.
A Vacuidade resulta do instante presente.
Não é porque vocês se esvaziam de seus pensamentos, de suas emoções, de seu passado, de suas projeções no futuro, que a Atração nasce.
É uma primeira etapa, mas ela não é suficiente.
A etapa essencial não acontece nesses estados Interiores e nesses espaços Interiores, mas acontece, em última análise, na condução de sua vida exterior.
***
Sair da Ilusão é já não mais mentir a si mesmo porque, a partir do momento em que vocês não mentirem mais para vocês mesmos, vocês não podem mentir para os outros.
O que significa não mentir?
Isso significa ver-se claramente enquanto personalidade portadora de uma série de verdades que não são a Verdade, mas que são as adesões procedentes de crenças, procedentes de mágoas, procedentes de condicionamentos, procedentes, de maneira geral, de seu passado.
Dito ainda de outra forma, vocês não são seu futuro.
Vocês são a ilusão desse passado, a ilusão desse futuro, dando-lhes a ilusão de suas próprias verdades.
Desiludir-se é ver-se claramente.
Os motores são: a Humildade e a Simplicidade.
Bem além dos comportamentos mostrados e se deixado mostrar a seus Irmãos e Irmãs, mas agora no que diz respeito a vocês mesmos.
Aceitar ver-se sem julgamento, sem culpa, com alegria e leveza, porque a leveza são as primícias da Alegria.
A personalidade não pode conhecer qualquer alegria, ela apenas pode conhecer a satisfação de um desejo oriundo de uma projeção ou de uma crença.
***
A origem da Alegria autêntica denominada Samadhi consiste agora em sair de suas próprias ilusões em relação às suas próprias verdades.
Esse é um mecanismo de transcendência da Verdade, de aceitação de que o conjunto do que vocês são não é o que vocês creem, procedente de um passado, procedente de uma pessoa, procedente de um papel, de uma função ou de um fazer.
É preciso, de algum modo, persuadir-se de que vocês não são nada disso.
É aliviar-se do peso de todas as crenças relativas ao que vocês são, relativas ao mundo, relativas às aparências desse mundo, para penetrar na Verdade.
Naquele momento, vocês aceitam lamentar suas próprias verdades e sua própria ilusão.
Vocês começam a desprender-se de seu corpo de desejo, de seu corpo de projeção mental, para dar lugar à instalação da Vacuidade, preenchendo-os de Luz, nessa Atração à Luz, nessa tensão para o Abandono que é uma forma de Repulsão de tudo o que não é da Luz, ou seja, de tudo o que é desse mundo, mantendo-se nesse mundo, porque seu Corpo ali está e porque ele é o templo onde se constrói o Ilimitado.
Essa construção está presente, de toda a Eternidade, apesar da falsificação.
Há apenas uma falta de conhecimento do Ser.
Os fatores mais importantes dessa ignorância do Ser são as próprias adesões do Ser, ele mesmo, às suas próprias ilusões e às suas próprias verdades, existindo apenas o tempo da crença, fazendo-os passar de um marido a outro marido, de uma religião a outra religião, de uma situação a outra situação, de uma emoção a outra emoção.
***
O não-desejo é anterior à instalação da Paz depois da Alegria.
Enquanto houver o mínimo desejo, vocês ficam submissos ao fogo Prometeico da Ilusão, o Fogo Luciferiano.
E vocês basculam da Atração à Repulsão, em amor, em sentimentos, em ações.
Viver a Atração da Luz é sair da ilusão da luz, é aceitar que tudo o que se deixa ver a vocês, tudo o que se deixa perceber nesse mundo, não é da Luz.
É também colocar como aceitação, e não como crença, em relação à Ilusão desse mundo, sem, contudo, rejeitar a vida.
Pelo contrário, é encontrar a Vida.
Sair de sua própria ilusão, sair de suas próprias verdades leva ao fim da Ilusão e à instalação da Verdade, da qual os pilares, eu lembro a vocês, são: a Humildade, a Simplicidade e o Aqui e Agora.
Naquele momento, e devido à chegada dos três constituintes da Luz, Verídica, Vibral, então, naquele momento, e unicamente naquele momento, seja qual for o apelo que vocês tiverem vivenciado, da Luz (cuja testemunha é a Coroa Radiante da cabeça), vocês poderão se instalar no não-desejo, na Paz e na Alegria.
Naquele momento, e somente naquele momento, vocês poderão sair totalmente de suas ilusões e de suas verdades, porque vocês irão se tornar a Verdade enquanto Filho Ardente do Sol KI-RIS-TI.
Isso requer uma série de perdas ou, se vocês preferirem, das desilusões sobre si mesmo, sobre a conduta de sua vida, a conduta de suas relações, a conduta de seus apegos, de suas ligações e de seus confinamentos.
***
Estar lúcido, sem culpa, porque viver o não-desejo é Alegria e Leveza e não constrangimento e peso, pois não é a personalidade que decide, são vocês que decidem se colocar como observador de sua própria personalidade.
Naquele momento, vocês estão conscientes de que quando há um desejo ou uma emoção, vocês constatam que vocês não são esse desejo, que vocês não são essa emoção.
Há então um distanciamento indispensável e anterior ao que manifesta sua personalidade, permitindo-lhes apreender de que vocês não são isso.
Tudo isso representa etapas indispensáveis ao estabelecimento do Fogo do Coração.
Dito em termos mais simples, isso pode ser denominado o Abandono à Luz, hoje desenvolvido pela revelação e pelo desvendamento das doze Estrelas, permitindo-lhes, de maneira muito mais ativa e passiva, penetrar no Fogo do Coração.
***
Não há nada a desejar que já não exista, em relação ao Estado de Ser.
Não há nada a desejar para um futuro, porque tudo é vivido no instante presente.
O tempo, como muitos de vocês disseram, é uma ilusão total, ao qual a crença deu corpo, tornando ainda esse corpo envelhecido e morto, mas, de fato, a Consciência jamais morre, mesmo em seu confinamento.
O problema é sua identificação com seu confinamento, e então com o peso, e então com o desejo, seja qual for esse desejo.
O estabelecimento da Atração para a Luz e, então, da Repulsão de tudo o que não é da Luz, ainda uma vez, não é uma negação da vida, mas, pelo contrário, uma aceitação total e integral da Vida, em todos seus constituintes, na condição de ali não se identificar, de recusar qualquer identificação com o que é ilusório, efêmero e não eterno.
Naquele momento, vocês estarão prontos para viverem o abrasamento do Coração.
A Ilusão Luciferiana, Prometeica, o corpo de desejo, o corpo de projeção, o corpo causal, serão queimados pelo Fogo do Espírito, mantendo-se esse corpo, por enquanto.
O corpo terá sido, portanto, o receptor físico da manifestação do Espírito, da Eternidade.
Isso é especialmente facilitado, como eu disse, pela liberação do Sol, mas também pela fusão dos Éteres, em curso atualmente.
***
O mês de maio será certamente o mês mais propício para viver e realizar isso.
Distanciando-se do ilusório e do efêmero, distanciando-se de sua personalidade e de seus próprios desejos, de suas próprias ilusões e de suas próprias verdades, então, vocês poderão sair da Ilusão e entrar na Verdade, e se beneficiar quanto aos seus efeitos.
Quais são esses efeitos?
Eu os desenvolvi: o não-desejo, a Paz, a Alegria, a completitude e a plenitude.
Isso irá permitir desidentificar-se totalmente de sua própria personalidade, mantendo a Alegria e a vida dessa personalidade, nos tempos que restam a transcorrer em meio a esse mundo.
***
Hoje há muito, nesse mundo, a menção do “Eu sou”.
“Eu sou” não é o Si.
“Eu sou” é uma afirmação da personalidade.
Viver o Si é justamente o inverso de “Eu sou”.
Ou então: “eu sou aquele que eu sou”, distanciando-se do “eu sou”.
O “eu sou” ou “I am” nada tem a ver com a Presença da Eternidade.
É a presença do ego colocada em seu paroxismo.
Viver a Verdade da Luz poderia ser eventualmente: “eu não sou” ou “eu não sou nada”, o que não é realmente a mesma coisa.
O Si não pode se afirmar enquanto “eu sou”.
O Si vive-se pela Paz, pelo não-desejo e pela Alegria e não por qualquer decreto ou por qualquer proclamação de um estado ilusório.
***
Muitos ensinamentos, hoje, visam utilizar o Supramental em benefício do ego.
Nesses tempos finais em que SRI AUROBINDO disse ‘haverá muitos chamados e poucos escolhidos’, é importante estabelecer os fundamentos da Verdade, não para denunciar a Ilusão, mas sim para elevar-se além dessa Ilusão, não para negá-la, mas para superá-la, o que não é a mesma coisa.
***
Atração.
Atualmente, a passagem do Fogo em suas Lareiras, o aparecimento do Fogo sobre a Terra e em seu Céu, representados pela radiação gama, vão induzir um despertar profundo do Fogo do Espírito, ao qual irá se opor o Fogo Prometeico ou Fogo por atrito, refletindo-se, sobre a Terra, por comportamentos diametralmente opostos.
Aquele do ego é da ordem da reivindicação.
Reivindicação da liberação, reivindicação do “eu sou”, reivindicação da própria liberação, mas da não liberação, por causa do apego.
E, de outro lado, o Fogo do Espírito, transcendência e imanência, não-desejo, Alegria.
Não há duas maneiras de sair da Ilusão, há apenas uma.
É isso que eu vim dizer a vocês.
***
Eis o que eu tinha que desenvolver em relação à Atração e sua localização no triângulo Prometeico redimido, prefigurando sua própria redenção total, seu futuro após o Fogo do Espírito e o Fogo da Terra.
Ninguém pode fugir de si mesmo, no que ele crê e no que ele é, em Verdade.
É esse trabalho que, de fato, chega ao não-desejo, que se realiza ou não em vocês.
Se vocês tiverem perguntas em relação a isso e somente em relação a isso, então eu ali respondo.

***

Pergunta: em caso de retomadas do ego, é correto dizer: “eu não sou nada”?

Completamente.
Para observar, para olhar o que retorna, mas, sobretudo, para considerar que vocês não são isso.
A identificação da retomada do corpo de desejo ou do corpo de projeção, procedente de suas mágoas ou dos condicionamentos do ser humano, afasta-os do não-desejo e os levam para o desejo.
Dito de outra forma, vocês não são o Eu.
Vocês são algo bem maior que não é desse mundo, mas vocês não podem ser o Eu e ser outra coisa.
Vocês podem dizer: “eu sou o Alfa e o Ômega”.

***

Pergunta: se um desejo aparecer, conscientemente, como não viver a frustração?

O desejo está ligado, justamente, a uma frustração.
Constranger o desejo reforça a frustração.
Não há então que combater o desejo, o que irá reforçá-lo.
Não há tampouco que sucumbir ao desejo.
Trata-se de um processo de desvencilhar-se do desejo.
O desejo é feito para fazê-los sair do instante, recorrendo a uma satisfação situada no instante seguinte, seja qual for esse instante seguinte.
Imagine que se encontre diante de vocês, sobre uma mesa, o objeto que vocês desejam mais do que tudo, que lhes daria o máximo prazer em consumir, em possuir, o que é exatamente o mesmo, quer seja um objeto ou um ser humano.
Renunciar não quer dizer frustrar-se.
É já sair do desejo, não recusando o desejo, não o aceitando, mas tomando consciência de que vocês não são esse desejo que pertence ao seu corpo de desejo, que não é você mesmo.
Enquadrando-se novamente no instante, vocês vão sair da projeção desse desejo vindo do passado, de um condicionamento, de uma crença ou de uma ferida, o corpo de projeção ou corpo mental, pouco a pouco, vai abandonar o processo.
O desejo esvanecer-se-á sozinho.
A satisfação do desejo reproduz o desejo.
A frustração do desejo reproduz o desejo.
Se vocês aceitarem ver-se em todas as partes de si mesmo, ilusórias, nos diferentes corpos que eu acabo de falar, pouco a pouco, pelo próprio fato de se verem e de aceitarem ver-se, vocês irão entrar em distanciamento e mesmo em recusa, em desidentificação do Eu, para penetrar, através da Humildade e da Simplicidade, na inteligência da Luz e em sua dimensão de Eternidade.
“Eu não sou nada” ou “eu sou Tudo”.
O que não é: “eu sou”.
Sendo o Todo, vocês não podem ser uma parte expressando um desejo, por que o Todo não necessita de nada senão de Ser.

***

Pergunta: e quanto a não sentir desejo em períodos de “depressão”?

Beneficiem-se desse período de não-desejo para percorrer o caminho do Ser.
A depressão é a negação do desejo, o que não significa que não há algum desejo.
Eles foram frustrados, isso não é o não-desejo, como parte da depressão.
Isso não é o Ahimsa, mas o lado oposto do desejo, que não foi satisfeito, e que se manifesta pela autofrustração ou pela autopunição.
É o mesmo quando o desejo não pode ser satisfeito.
Naquele momento, vai aparecer um não-desejo, mas que é apenas uma frustração, porque, nesse caso da depressão e da frustração, há uma queixa, devido ao não-desejo.
Na Verdade do Ser, há não-desejo e plenitude, isso é profundamente diferente.

***

Pergunta: na noção de desejo, você inclui as necessidades / desejos essenciais, como dormir?

O desejo de dormir não é um desejo, mas uma necessidade, conferida pelo corpo.
É preciso não confundir o desejo e a necessidade.
No que se refere, por exemplo, à sexualidade, vocês irão disfarçar o desejo em necessidade.
Não existe necessidade, nesse nível, existe apenas um desejo.

***

Pergunta: no nível da nutrição, no nível da água, existe também uma necessidade.

Sim, mas às vezes essa necessidade pode assumir, aí também, a máscara do desejo.

***

Pergunta: como diferenciar uma necessidade de um desejo?

A necessidade é uma evidência corporal.
O desejo é uma evidência do corpo de projeção ou do corpo de desejo.
Se houver sintomas reais de falta de nutrição, então, vocês irão experimentar o vazio e seu corpo lhes dirá, pelos sintomas que lhes são próprios, que ele precisa comer.
Se vocês começarem a salivar, sem ter fome, diante de um alimento que lhes é apresentado, isso é um desejo e não uma necessidade.
A necessidade não é expressa por outra coisa senão pelo corpo.
Ele expressa a necessidade no sentido fisiológico.
 Quando vocês dizem: “eu preciso respirar”, em relação a uma situação, ou: “eu necessito de ar”, é um desejo ou é uma necessidade?
É o mesmo problema.
A necessidade é fisiológica e está inscrita no corpo.
O desejo está inscrito no corpo de desejo e não no corpo.
Novamente, frequentemente, o desejo se disfarça em necessidade.
Mas a diferença essencial situa-se na demanda do corpo.
Se nós tomarmos o exemplo da sexualidade, o caso mais comum para o ser humano: vocês veem uma pessoa, seu corpo pode reagir sem que vocês tivessem o mínimo desejo, isso acontece.
É uma necessidade.
Mas essa necessidade, no entanto, será satisfeita?
Porque há uma necessidade, eu concordo.
Naquele momento, a necessidade vai se transformar em desejo e em frustração.
Vocês podem sentir um desejo, no campo da fantasia, sem qualquer necessidade.
Trata-se do corpo de desejo e não do corpo físico.
Compreendam bem que, quando vocês descobrem e vivem o Fogo do Coração, o Ahimsa (o não-desejo, a Paz e a Alegria), vocês podem comer por prazer, mas sem desejo.
Nada é proibido.
Simplesmente, é preciso definir a origem e o fim de um ato ou de um acontecimento.
Em um caso, há não-desejo, o Ahimsa, então, as coisas são esclarecidas: a Consciência vê claramente a ausência de necessidade, a ausência de desejo, mas nada a impede de se privar de um prazer que não seja um desejo.
Pouco a pouco, ou brutalmente, não haverá sequer necessidade de manifestar esse prazer, refletindo-se então por modificações espontâneas de comportamentos, sejam eles quais forem, alimentares, sexuais ou outros.
Isso não é uma frustração, mas vocês são, literalmente, nutridos pela Luz.
Naquele momento, efetivamente, pode-se muito bem não mais ali ter necessidade de dormir, de comer ou mesmo de respirar.

***

Pergunta: como diferenciar necessidade e desejo participando neste tipo de estágio?

Isso é pessoal.
Se não houver necessidade, se não houver desejo, então é um prazer.
Mas esse prazer, como todo prazer, é supérfluo.
Dessa maneira então, efetivamente, vocês não têm necessidade de nada para realizar o Si.
Mas ainda é preciso ser capaz de desvencilhar-se sozinho de tudo o que é da personalidade.
A dinâmica de grupo permite justamente essa abordagem, porque todos os outros são espelhos reenviando-nos a nós mesmos e, portanto, ao Eu que não é o Si.
A solução ou a resposta à questão é simplesmente: você está na Alegria ou você não está na Alegria, o que você faz?

***

Pergunta: o que pode agradar à personalidade que não gosta necessariamente da individualidade espiritual?

É apenas a individualidade que pode responder.
Lembrem-se também de que eu falei de personalidades múltiplas e que muitas vezes a individualidade levada a si é apenas um reflexo de outra personalidade presente em meio à personalidade.
Como distinguir?
Isso não é, nesse caso, pelo não-desejo (que pode ser sugerido pela individualidade que é, de fato, uma personalidade complexa), mas pela Paz e pela Alegria, e, principalmente, pela transparência.
Em meio à transparência, não pode existir o mínimo conflito entre uma personalidade e uma individualidade, que não existe.

***

Pergunta: podemos dizer: “eu sou a Fonte à procura de mim mesmo”?

Não há qualquer procura.
A procura é uma ilusão do ego.
Há desvendamento e revelação.
Esta revelação não é uma procura, ela é um estado.
Procurar é concordar com o peso da personalidade.
Não há nada a procurar que já não esteja aí.
Sobretudo agora.

***

Pergunta: poderia desenvolver sobre a noção de transparência?

A transparência é deixar passar a Luz.
Não mais manifestar resistência.
Tornar-se transparente necessita de não mais existir, de não mais reivindicar seja o que for.
É tornar-se, efetiva e concretamente, a Luz.
A transparência de que falo é, evidentemente, em relação à transparência de um vidro.
É exatamente a mesma coisa.
O ego, ligado ao fogo do ego, é o fogo da resistência à transparência, ligado ao isolamento e ao confinamento na ilusão.
O ego existe pela resistência pois, se não houvesse resistência e sim transparência total, naquele momento, vocês iriam se dissolver totalmente na Luz e viver a Alegria e o Samadhi.

***

Pergunta: a atividade sexual é, no entanto, o suporte da reprodução, da criação.

Eu responderei simplesmente.
Se os seres humanos tivessem parado de procriar, a Ilusão não existiria mais.
Isso explica porque a grande maioria dos Seres despertos, total ou parcialmente, homem ou mulher, nunca teve descendência, exceto CRISTO, por outras razões.

***

Pergunta: isso significa que o desejo de se reproduzir não está ligado à criação original?

Absolutamente não.
Nos mundos Unificados, vocês se criam sozinhos.
Vocês não passam por uma filiação biológica.
Nos mundos Livres de carbono, a procriação, no sentido em que vocês entendem e concebem e praticam, absolutamente não existe.
Quando MARIA lhes disse que vocês são seus filhos, vocês saíram de seu ventre?
MARIA absolutamente não é sua mãe, em Espírito.
Vocês são os filhos do UM, os filhos da FONTE.

***

Pergunta: como, nos mundos Unificados, nós mesmos nos criamos?

Eu não compreendo a pergunta.
Criar-se si mesmo nos mundos Unificados é não passar por uma filiação biológica.
Ser os filhos de MARIA corresponde à carne, isso não quer dizer que MARIA deu à luz, mas que vocês são portadores de sua carne, como vocês são portadores de CRISTO, dos Arcanjos, da mesma maneira.
Nos mundos Unificados vocês criam um corpo, vocês manifestam esse corpo, instantaneamente.
Nos mundos em carbono ditos Unificados, há gestação, mas essa gestação corresponde a uma necessidade.
Os corpos de carbono têm uma duração de vida que não é eterna, contrariamente aos outros corpos.
Uma Consciência livre, manifestando-se em um corpo, decide deixar um corpo e investir de novo em outro corpo.
Esse outro corpo vai então recorrer aos genitores, que o aceitaram, mas que não decidiram isso pelo desejo, pelo prazer ou pela reprodução.
Raros são os seres humanos que podem dizer que ouvem uma alma querendo se expressar ao seu lado.
Mas isso nos afasta, aí também, do que eu falo.
Eu lhes agradeço por retornar ao que eu falei.

***

Nós não temos mais perguntas, nós lhe agradecemos.

***
Então juntos, vivamos nossa Graça e nosso prazer de estarmos juntos.
Que as Bênçãos do UM os acompanhem e os conduzam. 


************
NDR: informações comunicadas por ANAEL em 1º de maio de 2011:
Ahimsa significa não-violência (e não não-desejo), em ressonância com o fato de que o desejo é uma forma de violência no sentido em que ele exprime uma atração ou uma pulsão da personalidade, em ressonância com o corpo de desejo / o corpo astral. O corpo astral é um corpo cujo motor é a violência.”
***

Mensagem da Amada MÃE (Mira Alfassa) no site francês:

29 de abril de 2011
(Publicado em 30 de abril de 2011)

***

Tradução para o português: Zulma Peixinho


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